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Que presença é essa
Que não vejo e me consome...
Que não vejo e me consome...
Que esquece o meu nome sem rima na língua, na carta de amor...
E me chama pelo nome de outra no lapso do céu da boca,
no lodo do eco dos dentes, no ato falho dos porões da memória...
***
Que presença é essa
Que me pretere no fio corrosivo do prazer da vingança
Que me pretere no fio corrosivo do prazer da vingança
No amargo sabor do lento passar das horas
Enquanto, à distância, velo o meu amor
Suturo e nutro com lágrimas de renda a minha saudade
***
Que presença é essa
Que nunca está
Que nunca está
Gotas de suor... cristais, que não escorrem em mim
Que não oferece a indulgência-talismã-relíquia de um cílio caído, fio de cabelo, unha
Um cheiro entranhado na roupa suja perfumada de outros passados
***
Que presença é essa
Que não colhe murchas acácias caídas no chão do outono
Que não colhe murchas acácias caídas no chão do outono
Que não faz um leito sedoso de folhas verdes
das mangueiras doces para o meu corpo deitar
das mangueiras doces para o meu corpo deitar
Que não me encontra encantada nas matas D'Oxossi
Que não me banha nos afluentes secretos dos rios do norte
Que não me banha nos afluentes secretos dos rios do norte
***
Que presença é essa
Que cospe nas fendas fiéis das minhas letras esculpidas de sangue e fogo
Mas engole, aos pares, como as doces uvas de Baco,
Insossas palavras de poemas incertos
E venera a prosa d'outras mãos que lhe afagam e seduzem o ego com duvidosos clichês
***
Que presença é esta?
Essa presença concreta na ausência
Que sinto absorta, distantemente, muito perto de mim
Viva e pulsante no tempo correndo do instante ofegante
***
Que presença é essa
Amante dos meus ouvidos alter(n)ados
Amante dos meus ouvidos alter(n)ados
No nada da pele que só se sabe desejo
E se veste nua de sonho acordado
Para outra vez, no sonho adormecido poder abraçá-lo
***
Que presença é essa
Que presença é essa
Essa presença é Ele, eu sei
Essa presença Sou Eu,
Essa presença Sou Eu,
Disso, ele sabe, ele grita, ele sonhou primeiro
E nenhum dos dois pode evitar
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Desfazer, jamais!
*
Desfazer, jamais!
Amor compartilhado
O Tempo diz.
Roberta Aymar
06.03.2011
06.03.2011
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